O câncer colorretal já foi incomum em adultos mais jovens. Infelizmente, sua incidência tem aumentado drasticamente entre as pessoas com menos de 50 anos.
Um artigo de fevereiro de 2017 publicado no periódico Journal of the National Cancer Institute (JNCI) [3] apresenta alguns números preocupantes:
... os índices de incidência do câncer de cólon aumentaram de 1,0% para 2,4% por ano desde meados da década de 80 entre os adultos de 20 a 39 anos, e de 05% a 1,3% desde meados da década de 90 entre os adultos de 40 a 54 anos; os índices de incidência do câncer retal têm aumentado mais e mais rápido (por exemplo, 3,2% por ano de 1974 a 2013 entre adultos com 20 a 29 anos de idade).
Como resultado, as pessoas nascidas depois de 1990 têm aproximadamente o dobro do risco de apresentar câncer de cólon durante a juventude do que as pessoas nascidas em 1950 e risco quatro vezes maior de câncer retal precoce.
E até 2030, a taxa de incidência aumentará em 90% (colón) e 124% (reto) para pacientes de 20 a 34 anos e em 27,7% (cólon) e 46% (reto) para pacientes de 35 a 49 anos.
“ Mesmo com essa estatísticas, afirma Dra Marcele Gnata Vier, oncologista clínica da OCF, médicos e pacientes não estão considerando o carcinoma colorretal como uma possibilidade de diagnóstico quando um paciente jovem apresenta sintomas, como por exemplo, sangue nas fezes, mudança do hábito intestinal (diarréia ou dificuldade para evacuar), dor abdominal e/ou na região da pelve, o que tem refletido no atraso diagnóstico”,
Outro motivo de atraso diagnóstico está relacionado com o constrangimento de realizar colonoscopia. A oncologista explica que o diagnóstico se inicia, principalmente, por meio deste exame. "A colonoscopia é extremamente importante para a detecção precoce e prevenção, pois ele permite identificar e remover pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede interna do intestino e podem se transformar em câncer".
O aparelho usado durante o exame é introduzido no paciente pelo ânus. De acordo com a Dra Marcele, o instrumento tem uma câmera em sua extremidade, que permite avaliar toda a parede interna do intestino grosso e do reto. Ela destaca que esse método de diagnóstico é um dos motivos pelos quais existe um constrangimento em relação ao câncer colorretal. "Principalmente na população masculina, há um desconforto ao se submeter a esse exame", observa.
“Precisamos nos conscientizar de que as queixas, mesmo dos pacientes jovens, devem ser prontamente investigadas, a fim de possibilitar o diagnóstico precoce e maior chance de cura ao paciente com câncer colorretal”, ressalta.
Siegel RL, Fedewa SA, Anderson WF, et al. Colorectal cancer incidence patterns in the United States, 1974–2013. J Natl Cancer Inst. 2017;109(8): DOI: 10.1093 / JNCI / djw322
Christina E. Bailey, Chung-Yuan Hu, Y. Nancy You, MD, MHSc, et al. JAMA Surg. 2015;150(1):17-22. doi:10.1001/jamasurg.2014.1756